- Área: 69 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Adrià Goula
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Fabricantes: Acor
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto apresenta a oportunidade de transformar um espaço de meados do século XIX em um escritório multidisciplinar situado nas arcadas do bairro de El Born em Barcelona. O conceito principal é criar uma atmosfera onde as antigas formas construídas ressaltam a nova geometria que se mistura com o natural e o humano. A primeira intenção foi recuperar o valor patrimonial da arquitetura existente através de várias intervenções que pretendem revelar seu potencial material. Retirou-se o gesso para deixar aparentes as paredes de pedra e de obra de fábrica, e eliminou-se o forro de teto para revelar as vigas de madeira com proteção contra incêndios.
As portas e janelas internas desnecessárias foram preenchidas e novas aberturas foram criadas por meio de reforços estruturais nas paredes de carga. Finalmente, as paredes existentes, a cobertura e o novo pavimento contínuo foram pintados de branco, unificando as texturas materiais formadas por pedra, cerâmica, argamassa, plástico, ferro e aço em um entorno único que parece estar coberto de neve. O resultado é um cenário abstrato onde a ausência de matéria, a luz e o tempo entram em sintonia.
O programa dos escritórios é definido pela estrutura do edifício, que estabelece um espaço intermediário entre a rua e os três ambientes. Cada unidade tem uma função diferente e a dimensão de sua abertura determina a incidência de luz natural e seu grau de privacidade. A primeira sala é um local separado por uma mesa de 2,70 metros de comprimento que recebe muita luz natural devido a sua grande abertura na entrada. A segunda consiste em uma sala de reuniões praticamente fechada com uma abertura de altura reduzida que fomenta a comunicação entre as pessoas em um ambiente privado. A terceira sala concentra as áreas úmidas da cozinha e banheiro. O jogo dos três limites da parede estrutural cria a percepção de ter uma fachada interna vista desde o espaço semi-externo.
A segunda estratégia de projeto inventa um novo sistema escultórico inspirado no Torii, um símbolo tradicional da cultura japonesa que representa a porta que sinaliza a transição entre o profano e o sagrado, geralmente situada na entrada dos santuários xintoístas. A reinterpretação desse elemento se repete para construir uma forma que existe entre o abstrato e o concreto, dando origem a uma estrutura auto-portante que dissolve os limites entre interior e exterior. A geometria organizada produz uma área de trabalho interno e dois corredores externos que proporcionam uma maior sensação de privacidade em relação à rua. A transparência destes espaços varia de acordo com o ponto de vista do espectador, dando lugar a diversas experiências visuais nos percursos pelos ambientes. Desta forma, o caminho translúcido de Toriis aumenta a profundidade visual do espaço, criando um entorno em harmonia natural que estimula a interação entre os trabalhadores.
Os elementos fixados entre os pórticos de madeira estabilizam as cargas horizontais do sistema e satisfazem os requisitos funcionais do escritório multidisciplinar. Três meses de 3,40 metros de comprimento organizam a área de trabalho seguindo o ritmo dos Toriis. As prateleiras, que parecem ser colocadas aleatoriamente em alturas diferentes, criam uma composição estética dinâmica e suportam livros, modelos e potes. Em níveis mais altos, as barras de aço seguram as lâmpadas. A flexibilidade do sistema permite que os trabalhadores modifiquem a colocação de mesas e prateleiras, abrindo novas possibilidades de layout que respondem às necessidades futuras dos usuários sem alterar o conceito inicial do projeto.